“Invasão” ou “conquista”? Como categorizar a presença dos neerlandeses no Brasil seiscentista? Muito mais do que o mero uso deste ou daquele termo, o que nos apresenta Regina de Carvalho Ribeiro da Costa nesta publicação é uma consistente discussão da historiografia produzida sobre a dominação flamenga nas capitanias do nordeste açucareiro no Brasil colonial entre 1624 e 1654. Foi com Francisco Adolfo de Varnhagen que se consagrou, no século XIX, a percepção de um Brasil “invadido” pelos holandeses, e focada na resistência luso-brasileira. Tributário de uma historiografia lusófila, a visão de Varnhagen até hoje pode ser vista nos livros e manuais didáticos, trabalhados também pela autora, desconstruindo heróis e vilões que povoaram a memória nacional a exemplo, no caso aqui, de Maurício de Nassau e Domingos Fernandes Calabar. Mas foi no século XX e XXI a inflexão para uma historiografia crítica, onde o leitor perceberá um “Brasil holandês”, demonstrado pela efetiva interação dos flamengos com a sociedade colonial, ao invés de meros invasores estrangeiros. Vale ressaltar que a autora integra uma nova geração de pesquisadores que vêm desenvolvendo trabalhos inovadores sobre o tema, desconstruindo a memória tradicional do domínio colonial holandês.
Daniela Buono Calainho