“Desde os primórdios até hoje em dia, o homem ainda faz o que fazia…”. Infelizmente, essa paródia pode resumir o que é a violência contra a mulher nos dias de hoje. Ou seja, não muito diferente de um passado distante. As formas e práticas é que se renovaram. Confira no artigo a seguir.
Se na sociedade patriarcal a mulher não tinha voz, hoje em dia a violência contra a mulher ainda acontece de formas diferentes. Esse sofrimento ganha notoriedade em muitas “Marias”, que continuam a contar suas histórias em diversas facetas. Nos chamados relacionamentos abusivos, por exemplo, essa violência acontece seguida de repetidas situações de opressão psicológica e, por vezes, acaba na violência física.
Na quarentena, houve um número crescente de violência doméstica. No Brasil, em 2020, foi registrado 1 caso de feminicídio a cada 7 horas, uma situação tão lamentável quanto a pandemia. Então se essa violência não muda e só se renova, de acordo com as circunstâncias vividas por essas mulheres, por que também não se intensificam ou surgem novas maneiras de evitar essas tragédias?
Se não bastasse os habituais meios de opressão, ultimamente tem se proliferado os crimes nas terras sem lei da internet, o novo território do macho alfa. Buscando novas maneiras de pressionar e torturar suas vítimas, homens ameaçam e até divulgam fotos íntimas de suas companheiras ou ex-companheiras.
Há também as relações de poder em que homens abastados de dinheiro e fama acreditam ser donos de tudo, inclusive das mulheres, por isso não são raros os casos de famosos acusados de cometerem violência contra mulher.
Essa violência pode ser intensificada ainda mais em outro cenário: o da mulher negra na periferia. E a verdade é que em nenhum desses casos essa violência deixou de acontecer.
A questão é que não importa classe, raça ou cor, desde que o mundo é mundo a violência contra a mulher em seus diversos aspectos nunca deixou de acontecer. Desde as brincadeiras de mau gosto até os encerramentos de muitas vidas, a cultura do ódio à mulher ainda impera na sociedade.
Dicas de leitura que abordam a violência contra a mulher
Em “De Maria Bonita a Maria da Penha: Desventuras de Marias do Brasil”, Dayse Marcello fala sobre a violência da mulher no Brasil através das histórias de diversas Marias, uma hora Maria da Penha, outra hora Maria Bonita. Essa obra abrange as diversas formas de relacionamentos abusivos que são romantizados pela sociedade. Além disso, traz em cena momentos da vida da cantora Ângela Maria, além de outras Marias de peso que contribuíram de alguma maneira para melhor compreensão do tema.
O livro de Beatriz Accioly Lins, “Caiu na net: nudez e exposição de mulheres na internet”, é resultado de uma minuciosa pesquisa. Ele acompanha ativistas, gestores públicos, juristas, jornalistas e pesquisadores, colocando o holofote em situações de violência por divulgação de fotos íntimas das vítimas. A obra ainda contribui com as leis, protocolos e normas que zelam pela proteção de vítimas e contra as violações.