Em tempos de discussão sobre a relevância das comemorações e dos estudos sobre a ditadura militar brasileira, a tese premiada de Fernanda Mendes agora publicada em livro, reveste-se de grande importância. Partindo de uma pesquisa rigorosa sobre a atuação política e intelectual do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro durante a ditadura civil militar (1964-1985), o trabalho recupera as relações de proximidade entre os seus intelectuais e o regime, através da análise da indicação de todos os presidentes militares para presidentes honorários e da organização de eventos e festividades nas datas comemorativas do calendário nacional em parceria com o governo e com o exército. Em contrapartida o IHGB também conquistou benefícios como a construção de um novo prédio para sua sede e a participação em grandes eventos comemorativos governamentais. A principal contribuição e atualidade da obra é apresentar as relações complexas entre intelectuais e estado autoritário no Brasil tendo como foco o IHGB, de um lado os benefícios auferidos, e em troca seu apoio para a legitimação do regime. A reflexão sobre a instalação e o funcionamento das ditaduras e suas relações com diferentes setores da sociedade oferece subsídios importantes para o entendimento dos desafios que estão colocados para as democracias contemporâneas. Por tudo isso o livro de Fernanda Mendes é uma leitura instigante para todos que se interessam pela História do Brasil.
Marieta de Moraes Ferreira, Prof.ª Emérita do Instituto de história da UFRJ.