Resultado de uma pesquisa desenvolvida durante o estágio de pós-doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRN, Brasil, Mesa Fria: um estudo das formas hiper-ritualizadas de alimentar no candomblé, de Patrício Carneiro Araújo, é uma verdadeira incursão junto a ritos pouco conhecidos do candomblé. Em consonância com seus estudos anteriores sobre tradição e mudança nas religiões afro-brasileiras, o autor coloca leitores e leitoras diante de ritos de comensalidade que, desconhecidos por quem não tem familiaridade com essas religiões, permanecem vivos e fortes no cotidiano dos terreiros do Brasil. Através do diálogo estabelecido pelo autor com lideranças afro-religiosas em Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Salvador (BA) e Diadema (SP), é possível acompanhar ritos de comensalidade e compreender as noções de comidas proscritas, prescritas, próprias e impróprias ao consumo humano. Além disso, ao explicar os ritos de descarte ritualizado das comidas não consumidas no interior do terreiro, o autor demonstra, com muita maestria, o quanto os ritos de descarte de comida na natureza (carrego), longe de serem atos de desperdício, na verdade revelam dimensões profundamente ecológicas dessas religiões. Por esses e muitos outros motivos, este livro representa uma leitura necessária e urgente para quem deseja entender os significados das formas hiper-ritualizadas de alimentar no candomblé.
Mesa fria: um estudo das formas hiper-ritualizadas de alimentar no candomblé
R$69,00
Pensar as múltiplas formas de alimentar no candomblé é mergulhar numa relação estreita entre diferentes ontologias unidas pelo sagrado. Da oferenda ao carrego há sempre uma diversidade de seres alimentando e sendo alimentados. Nesse universo habitado por seres visíveis e invisíveis as regras de pureza ritual estabelecem os limites e a complementaridade entre o que é prescrito e o que é proscrito. Todavia, prescrição ou proscrição nunca são absolutamente incontornáveis. Como são muitas as formas de bocas a serem alimentadas, aquilo que é tido como impróprio para uns pode ser próprio para outros. E aquilo que para alguns pode parecer desperdício, para outros é o início do banquete. Viaje nas palavras de Patrício Carneiro Araújo e compreenda como pessoas, divindades, espíritos, árvores, pedras e rios costumam ser alimentados no candomblé.