À medida que avançamos na leitura desta obra, percebemos o encontro das dimensões poética, política e ética da mediação de leitura na encruzilhada. Talvez aí esteja a resposta a uma pergunta que fiz a Felínio Freitas, em sua banca de qualificação para o mestrado: “Como pensar a mediação de leitura em um país como o Brasil, onde os níveis de leitura ainda são incipientes e desiguais”? “Vivendo a mediação de leitura nas encruzilhadas” é a linda resposta que o autor nos dá nesse livro.
Nesta publicação, Felínio entrega o que sabe sobre mediação de leitura (e você verá que ele sabe muito!), mas também diz sobre o que “ainda não sabe”. É um pesquisador da prática, que segue em busca, que reconhece que há um “não saber” dentro do saber. Herdou de seus/suas ancestrais e da religiosidade afro-brasileira o respeito aos silêncios, aos segredos, ao que “não se diz”, cujo único jeito de saber é vivendo, observando, repetindo e compreendendo os gestos. No universo do livro e da leitura, não é diferente: há que se observar, ler, fazer e repetir para construir uma autonomia leitora.
Bel Santos Mayer