Podemos pensar a educação como um meio normativo e reativo, onde resistir é integrar o aprendizado a uma ética do cuidado de si? Com essa indagação, Fabíola nos conduz a um ensaio libertário, que revela como os dispositivos pedagógicos tendem a posicionar o educador como reprodutor de normas, mas também abrem espaço para a emergência de uma ética ativa. Ao propor uma leitura clínica da educação, Fabíola defende a franqueza e o desejo do educador como elementos para uma pedagogia onde o ato de pensar se torne inseparável da ética e da liberdade. Inspirada por Foucault e Nietzsche, a autora revela como a moral normalizada está entranhada nos discursos educacionais, mas também como pode ser questionada por um pensamento crítico e afirmativo. A pedagogia, então, deixa de ser mera reprodução e passa a ser prática de subjetivação, onde ética e conhecimento se entrelaçam. Evitando analogias simplistas, Fabíola conduz com elegância uma crítica à normalização da educação, propondo que a formação do pensamento seja também formação ética. Por fim, a autora defende que resistir à educação normativa é possível e necessário, e que esse gesto se concretiza quando o educador, ao ensinar, promove a liberdade como cuidado de si. Nesse gesto, a pedagogia transforma-se: deixa de ser meio de sujeição e passa a ser espaço para práticas éticas que desafiam a moral instituída.
Prof. Dr. Auterives Maciel Júnior.