“As várias faces de um mito: Dona Maria da Cruz entre histórias, memórias e narrativas” é fruto da minha pesquisa desenvolvida no mestrado defendido em 2016 pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), sob a orientação do Professor Dr. Renato da Silva Dias e com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Nesta obra, analisei a diversidade de imagens forjadas ao longo do tempo sobre Maria da Cruz Porto Carreiro, uma figura central nos motins de 1736 ocorridos no norte de Minas Gerais. A pesquisa abrange os discursos proferidos em seu tempo por representantes do rei, a forma como a historiografia tratou sua trajetória e as memórias e o imaginário dos moradores da cidade de Pedras de Maria da Cruz (MG). Ao longo da investigação, busquei compreender, por meio da história oral, não apenas as memórias que sobrevivem na cidade através do “ouvir dizer”, mas também a apropriação da figura de Maria da Cruz como símbolo cívico local e regional. Assim, foi possível visualizar as múltiplas representações construídas em torno dessa mulher, tanto em seu tempo quanto em períodos posteriores, na memória e no imaginário da população da cidade que leva o seu nome.
As várias faces de um mito: Dona Maria da Cruz entre histórias, memórias e narrativas
R$57,00
A pergunta feita ao historiador Marc Bloch por um garoto, “Papai, então me explica para que serve a história?”, ecoa como uma interrogação que também atravessa este livro. Ele é, em parte, uma tentativa de responder às minhas inquietações de infância: quem é Maria da Cruz? Por que é vista como heroína por uns e vilã por outros? Ao investigar como a história se entrelaça com a memória coletiva e as narrativas populares, e ao explorar as múltiplas representações de D. Maria da Cruz, este estudo reforça que a história não se resume a fatos fixos, mas é um campo em disputa, moldado por vozes, silêncios e interpretações. Nesse percurso, cumpre, também, uma tarefa que, para Bloch, cabe ao historiador: “saber falar, no mesmo tom, aos doutos e aos escolares”, tornando acessível uma história que reafirma o papel da memória coletiva como elemento constitutivo do conhecimento histórico.



