Desde os anos 1920 a atuação de intelectuais e militantes católicos no campo educacional marcou a História da Educação no brasil. Theobaldo Miranda Santos foi um desses incansáveis militantes. Ligado a um grupo denominado “católico” do qual, entre outros, fizeram parte: Alceu de Amoroso Lima, Gustavo Corção, Jônatas Serrano, Pe. Leonel Franca, Everardo Beckheuser, Pe. Helder Câmara e Leonardo Van Acker, que também eram militantes ligados ao Centro D. Vital (onde Jackson de Figueiredo foi seu primeiro diretor), fundado em 1921, e à Ação Católica, criada em 1930, ambas as instituições eram organizadas, inicialmente, sob a liderança do Cardeal Sebastião Lemme.
A partir de meados da década de 1940, e, sobretudo nos anos 1950 e 1960, a ação dos “católicos” já não era a mesma daquela das décadas de 1920 e 1930. Nesse período, construiu-se um modelo constitutivo de uma arquitetura de saber e de poder, que envolvia um grande projeto eclesial de adequação do mundo católico aos tempos modernos, sem perder a essência da fé cristã e da doutrina católica. O livro trata desse período e procura compreender as tramas históricas que envolveram Santos e sua produção.
O investimento na produção editorial com o objetivo de conformar o campo educacional, por meio da formação de professores, foi uma estratégia utilizada por todos aqueles que militavam nesse campo: católicos e liberais. As coleções nas quais Theobaldo Miranda Santos publicou, pela sua materialidade, constituem uma representação de que houve um esforço dos católicos em adequar as concepções da Escola Nova a um modelo de uma pedagogia católica, ultrapassando a discussão de um possível retorno à cristandade e construir também uma nova consciência nacional, porém a partir da concepção cristã e católica.
A articulação entre as concepções da Escola Nova e o humanismo cristão católico permitiu o deslocamento da discussão de um possível retorno à cristandade para construção de um projeto educacional católico conformador da proposta pedagógica cristã. Para isso, era necessária uma escola renovada nos moldes católicos que seria o lugar por onde esse projeto pedagógico educacional tramitaria, porém depurado. A produção de materiais pedagógicos como livros seria a estratégia conformadora de um modelo pedagógico cristão e católico porque permitiria a circulação de suas concepções e ideias.