No Brasil, os motéis fazem parte da paisagem urbana contemporânea. Facilmente reconhecíveis e acessíveis, são destinados a abrigar, com toda discrição, relações amorosas e sexuais. Muito populares, esses estabelecimentos se tornaram uma realidade incontornável na sociedade brasileira e formam um importante setor econômico. Porém, continuam situados em um espaço liminar, associado à transgressão.
Como o modelo de motel norte-americano — um simples hotel de beira de estrada — transformou-se em love hotel ao chegar ao Brasil no fim dos anos 1960? Por que a maioria de brasileiros, adultos de todas as idades, meios sociais ou orientação sexual, é atraída por esses estabelecimentos? Esses drive-in do amor podem ser considerados emblemáticos de uma sociedade consumista e sexualmente desinibida?
As metamorfoses recentes da sociedade brasileira são analisadas por um ponto de vista singular: a suíte de motel. Esse lugar é visto como um indicador das mudanças comportamentais ocorridas desde o fim dos anos 1960 até hoje. Usos do corpo, relações entre gêneros feminino e masculino, paixão romântica e práticas transgressivas, novas formas de consumo e de lazer, modos de vida urbanos são examinados a partir dessa perspectiva inédita. O livro aponta algumas ambiguidades constitutivas da sociedade brasileira e investiga a presença de uma estética e um imaginário urbanos globalizados dos chamados love hotels.