Há um aumento na prevalência de depressão e de transtornos de ansiedade em nossa população. A questão é se há um aumento de casos de doenças mentais ou se há um aumento no número de diagnósticos. A resposta dessa pergunta precisa levar em conta os mecanismos de patologização da vida, que convertem as agruras nossas de cada dia em sintomas que caracterizam doenças mentais. A produção de diagnósticos, sobretudo a partir do DSM-III, é seguida da prescrição de psicofármacos que prometem curar todas as dores da alma, construindo uma narrativa da busca da tal normalidade. A indústria farmacêutica vem investindo em propaganda para vender suas cápsulas mágicas, cujos efeitos farmacológicos passam ao largo do que denominamos medicina baseada em evidências. A promessa de cura das dores da alma através de psicofármacos tem resultado em efeitos adversos terríveis, somados à enorme dificuldade na retirada da medicação. Por outro lado, o sistema capitalista financeiro, com seu modo de subjetivação neoliberal, produz sobrecarga de trabalho e uma tendência ao individualismo, que distorce o ser social inerente à espécie humana e produz doença mental. Cápsulas, diagnósticos e o preço da normalidade narra o processo de desenvolvimento da psiquiatria neurobiológica, apresenta suas hipóteses para explicar a doença mental, discute os efeitos farmacológicos dos principais grupos de psicofármacos e as políticas de patologização e despatologização da vida, para propor uma alternativa ao uso desmedido de psicofármacos.
Cápsulas, diagnósticos e o preço da normalidade: psicofarmacologia no contexto de patologização da vida
R$59,00
Nesse livro, questiono alguns dogmas das neurociências e da psiquiatria, seguindo a linha de Paulo Amarante, Robert Whitaker, Peter Gotzsche, Michael P. Hengartner, Fernando Freitas, dentre outros. Este livro é fruto de 35 anos de experiência em sala de aula e em conversas de corredores (e de bares) com estudantes de Biologia, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia da UERJ e de algumas universidades particulares nas quais também lecionei. (…) Espero conseguir comunicar um assunto complexo, que é profundamente interessante, em linguagem simples e agradável, de modo que o público em geral, independentemente da formação acadêmica, possa compreender, questionar e levar a discussão adiante.