“Nossa terra era rica. Aqui tinha muito material antigamente, mas como não temos muita terra os materiais estão se esgotando. Hoje não tem muito material, temos que aprender a cuidar dos materiais para que eles não desapareçam. Antigamente dava para usar os recursos sem problema, porque tinha muita mata nas redondezas. Nós não estávamos ‘presos’ numa área pequena, cercada de ‘juruá’ (não indígenas). […] Mas tudo tem espírito: a terra, a comida, os bichinhos. Antigamente tínhamos regras para tudo. Para todas as nossas atividades. Hoje em dia tem muita invasão de não índios nas matas, para caçar e para tirar madeira. Nós temos muita dificuldade para vigiar nossa terra. Precisamos de apoio para vigiar e evitar essas invasões.” Cacique João da Silva (FUNAI, 2016).
“Nós estamos fincadas na terra, pois é nela que buscamos nossos ancestrais e por ela que alimentamos nossa vida. Por isso, o território para nós não é um bem que pode ser vendido, trocado, explorado. O território é nossa própria vida, nosso corpo, nosso espírito. Lutar pelos direitos de nossos territórios é lutar pelo nosso direito à vida. A vida e o território são a mesma coisa, pois a terra nos dá nosso alimento, nossa medicina tradicional, nossa saúde e nossa dignidade. Perder o território é perder nossa mãe. Quem tem território, tem mãe, tem colo. E quem tem colo tem cura.” Documento final da Marcha das Mulheres Indígenas: “Território: nosso corpo, nosso espírito” (2019).