Além da complexidade da crise sanitária sem precedentes, vivemos em um cenário gravíssimo, marcado pela retirada sucessiva de direitos da classe trabalhadora, que resulta em um flagrante genocídio da população jovem negra, no etnocídio da população indígena — que segue sendo assassinada por grileiros na disputa por terras que lhes pertencem —, no aumento da população carcerária, no ataque à capacidade reprodutiva das mulheres e no aumento dos índices de feminicídios, no crescente racismo institucional e religioso dentro das esferas privadas e públicas, dentre outros agravantes. Entretanto, foi possível experimentar no último processo eleitoral a vitória da democracia. É hora de esperançar, vamos juntas/es/os em luta! Esta coletânea — construída coletivamente por mulheres potentes e aguerridas, trabalhadoras do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), representadas com muito orgulho por Elizabeth, Alessandra, Ana Paula, Carla, Cirenice, Danielle, Luciana, Magna, Michele, Renata, Vânia e Vivian — é um excelente instrumento de reflexão sobre a política de assistência social, diante desse contexto apresentado acima de forma resumida, através do olhar crítico de assistentes sociais e psicólogas e do registro precioso das experiências profissionais, as quais precisam ser relatados e socializadas sempre. Em homenagem à organizadora desta obra, às autoras e às/aos leitoras/es, cito Elza Soares: “Eu acho que a gente só vive esse transtorno hoje porque o mundo ainda não teve a felicidade de ser comandado por mulheres. Todos nós chegamos aqui pelo sangue das nossas mães. E somos nós que seguimos sangrando”.
Luciane Barbosa do Amaral Rangel é Assistente Social da Secretaria Municipal de Assistência Social/Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (SMAS/PCRJ); Mestre em Serviço Social – PPGSS_PUC-Rio; Especialista em Assistência Social e Direitos Humanos – PPGSS_PUC-Rio; Ex-Presidenta do Conselho Regional de Serviço Social – 7ª Região (CRESS/RJ), gestão 2020-2023.