De 1.º de abril de 1964 a 15 de março de 1985 o Brasil viveu a ditadura militar, visto que o golpe derrubou o governo de João Goulart, eleito democraticamente. Sendo assim, durante os 21 anos da ditadura, cinco militares passaram pelo comando do Brasil: Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo.
Literatura censurada na ditadura militar
Autoritária e nacionalista, a ditadura controlou a realidade brasileira não apenas na politica, mas na cultura também. Durante duas décadas, o governo controlou a produção cultural nacional: novelas, filmes, jornais e livros. Autores passaram a se esconder, tanto figurativamente quanto fisicamente, para driblar as arbitrárias sensibilidades inegociáveis dos militares.
Exemplo da influência da ditadura militar na literatura
Um dos casos mais clássicos é o de “As Meninas”, livro de Lygia Fagundes Telles publicado em 1973, onde queria inserir a descrição de uma das formas de tortura dos militares nos opositores do governo. Naquela época, Ligia ficou muito apreensiva com a possibilidade de que seu texto fosse cortado e/ou gerasse problemas na aprovação da censura.
Diante disso e seguindo o brilhante conselho do seu marido, Lygia inseriu o trecho perto do final do livro.
Talvez você desconheça esse episódio trágico e que exemplifica muito bem, como foi controlada a literatura na época da ditadura militar, mas, neste caso, o final foi surpreendente! O censor achou o livro “tão chato” que não terminou de ler a obra e a publicou na íntegra, concretizando o protesto.
Literatura censurada na ditadura militar
Você sabia que durante a ditadura militar o Estado vetou oficialmente mais de 200 livros? Entre as obras não publicadas estão as de autores como Jorge Amado, Érico Veríssimo, Rubem Fonseca e Maria da Conceição Tavares. Além disso, mais de 500 filmes também foram proibidos ou tiveram que sofrer alterações.
O diretor José Mojica Marins, por exemplo, considerado artista mais censurado da época, chegou a empregar o apelido de “Maldito” por tudo o que sofreu.
Considerados pelo regime como “subversivos”, “perigosos” ou “imorais”, por irem contra “a moral e os bons costumes”, muitos artistas foram perseguidos e a cultura vilipendiada.
Foi só em 1988, com a implementação de uma nova Constituição, que a censura foi oficialmente extinguida do Brasil. Sendo assim, a literatura censurada na ditadura brasileira pôde sentir o frescor dos novos tempos.
Reflexão
Então nos cabe refletir sobre o valor inquebratável do direito a liberdade de expressão, a educação e a cultura. Nosso povo merece ter acesso a leitura de bons livros e com eles dilatar o seu poder de criticidade.
Mais que tudo, uma nação se constroe com cidadãos que tenham valores arraigados na igualdade de oportunidades e no progresso de todos. Prezar pela cultura é oferecer o direito ao saber.
Povo aculturado respeita a democracia e a liberdade de expressão de cada um e a educação oferece ferramentas para o progresso de qualquer nação.
Se hoje vivemos um triste período da nossa história por conta de uma polarização sem limites, vale buscarmos os motivos para que tenhamos chegado até aqui.
Certamente não será optando pela volta do autoritarismo que alcançaremos um futuro promissor, muito menos em sintonia com os outros países democráticos do planeta.