Atualmente o número de mortes e a violência por armas de fogo no Brasil é tragicamente revelador. A estatística escancara nossa desigualdade social, porque revela que a população preta, masculina, jovem e de baixa renda é a mais afetada.
Certamente colheremos frutos nada desejáveis, onde uma geração foi desprovida de sonhos e aliciada por quadrilhas criminosas por falta de opção. Além do racismo estrutural colocado por décadas embaixo do tapete, a falta de oportunidade mata os negros.
Número de mortes por arma de fogo no Brasil
Fato é que o acesso a armas de fogo no Brasil contemporâneo é preocupante, porque a maioria dos homicídios no país é fruto disso.
Segundo o Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde o número de pessoas assassinadas por armas de fogo aumentou de 2020 para 2021 [3.118 ante 3.878]. Se Bolsonaro permite acesso a armas pesadas, o resultado da medida responde por si só o tamanho da encrenca que nos aguarda.
Violência gera violência
O inverso também se aplica, gentileza gera gentileza e isso é fato consumado não apenas pelos versos do Profeta José Datrino [Gentileza se tornou conhecido por escrever nas pilastras do Viaduto do Gasômetro, no Rio de Janeiro].
Temos como exemplo de pacificador a figura emblemática de Gandhi, anticolonialista que empregou resistência não violenta. O líder indiano foi a principal personalidade da independência da Índia.
Há que se ressaltar o resultado de pesquisa junto à população brasileira, feita pelo Datafolha em julho de 2019. Na ocasião, 66% dos entrevistados se declararam contrários à posse de armas de fogo e 70% se disseram divergentes ao porte de armas.
Segundo o advogado Bruno Langeani, há certa romantização das armas de fogo como política pública de segurança, mas elas não são. Autor do livro “Arma de fogo no Brasil: gatilho da violência” sua narrativa traz um histórico sobre o uso de armas, fragilidades das leis, da fiscalização e o trágico resultado disso.
Bruno Langeani é gerente do Instituto Sou da Paz e seu livro é referência quando o assunto é violência por armas de fogo no Brasil.
Os perigos do acesso a armas de fogo
Para finalizar, não precisamos recorrer a fatos remotos, vide o trágico desfecho da festa de aniversário de Marcelo Arruda [petista] morto a tiros por um bolsonarista.
Em tempos de polarização, conflitos recorrentes e o estímulo pelo presidente da república ao uso da violência, não é necessário ser guru para imaginar o perigo que a arma de fogo representa para a nação.
Com a proximidade das eleições todo o cuidado é pouco, a sociedade civil abriu os olhos; esperamos que a tempo de colocar um basta aos acenos contra a democracia. A carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito foi a resposta que faltava para calar os desafetos da liberdade.
Que nossas eleições sigam o seu curso natural e que o resultado das urnas eletrônicas seja respeitado sem anomalias. Infelizmente o número de porte e venda de armas cresceu assustadoramente, mas que o fracasso da fanfarronice de Donald Trump sirva de exemplo aos destemperados.
Por último e não menos importante, se hoje o que mais se escuta são citações bíblicas, vamos a Paulo de Tarso, o profeta dos Gentios e que Renato Russo musicou:
O amor
1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
2 Ainda que eu tenha o dom de profecia, saiba todos os mistérios e todo o conhecimento e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.
3 Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.
4 O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
5 Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
6 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.
9 Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos;
10 quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
11 Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
12 Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido.
13 Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.