A lua ladra está no céu, fumaça e trapaça, irmãs gêmeas, cercam a bandida no alto. Palco de escuridão. Palmeiras largas brasileiras, areias nos olhos do são, eram poesia de louco. Um louco que criava tudo, o incluso, o parafuso, a criança e a sofreguidão. O louco, aqui, é Deus. O que é essa criatura que, por mais ruptura que causasse, era cacto, compacto e imenso. O que é essa criatura… viva censura do imaginar ou infinito de elogios lisonjeiros? O que é essa criatura? Vive? Morre? Transa sem regras mundanas de espaço e segundos? O que é essa criatura? Ela dança? Tem de dançar, tem de dançar, dance comigo, criatura!
O louco do carrinho
R$42,00
Como viver num mundo atual e não perder as referências? Quanto sofrimento é possível suportar antes de “perder a razão, perder a cabeça”? Como lidar com a vida numa sociedade mundializada na qual tudo se torna paulatinamente mais tóxico, mais insensível, mais agressivo a qualquer sensibilidade? No cardápio de O louco do carrinho temos a loucura que despersonaliza e a solidão do convívio social. Como entender e lidar com essa realidade que nos cerca e nos invade também? A loucura nos coloca à margem, nos segrega, é alienante e, por isso mesmo, pode ser, paradoxalmente, um abrigo para a sensibilidade, mas esse seria o caminho? Como não sofrer a solidão da insanidade e, ao mesmo tempo, não sofrer o alienamento em comunidade? O amor apazigua a loucura? Este padecer seria a norma? Como não enlouquecer tendo uma elaboração crítica do mundo que nos rodeia? Jorge nos faz pensar sobre todas essas questões e outras mais. É preciso coragem para encarar a vida, viver é selvagem.
Emilia Mendes.