A violência que impede a mulher sobre os direitos do próprio corpo

a violencia que impede a mulher sobre os direitos do próprio corpo

O retrocesso sobre o direito constitucional federal ao aborto nos Estados Unidos. O caso da criança de 11 anos vítima de estupro e a decisão imprudente da juíza. A repercussão do caso da atriz Klara Castanho. Veja como a violência tem afetado cada vez mais mulheres ao impedir os seus direitos sobre o próprio corpo. 

Em 26 de junho de 2022, o mundo assistiu o retrocesso sobre um direito constitucional federal que assegurava o aborto nos Estados Unidos. A decisão abriu a escolha de cada estado para permitir ou não o aborto. Ou seja, cada estado vai decidir se a interrupção da gravidez voluntária será permitida ou não. Um grande impacto que recebeu lamentos até mesmo do presidente Joe Biden. “[…], sejamos claros: a saúde e a vida das mulheres desta nação estão em risco “, afirmou Biden.

Além disso, o presidente ressaltou, ainda, que a decisão foi resultado dos votos dos magistrados Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett, todos eleitos por nomeação de Donald Trump. O ex-presidente comemorou a decisão em declaração à emissora Fox: “É a vontade de Deus”, disse. 

E no Brasil?

Já no Brasil, o aborto é um problema de saúde pública. Segundo artigo da revista Piauí, só em 2019 o SUS registrou, por dia, uma média de 5 internações por aborto de crianças de 10 a 14 anos. Entre esses casos haviam também os abortos previstos em lei e os espontâneos.

E aqui nos deparamos com um índice chocante: se crianças de 10 a 14 anos estão sendo submetidas a abortos é por conta de um número também grande de violência sexual. Segundo um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, só em 2021 o Brasil registrou um estupro a cada 10 minutos.

Tudo isso sem contar os abortos em clínicas clandestinas e os que são realizados em casa, que acarretam em consequências de mortes para muitas mulheres no país. Também existem inúmeros casos de estupros sem boletins de ocorrência que não estão contabilizados nos levantamentos oficiais.

Com tudo isso, volta e meia somos surpreendidos por casos em que as próprias autoridades e órgãos oficiais não acolhem as vítimas com os devidos cuidados e ainda as fazem se sentirem culpadas.

Casos reais de violência contra a mulher

Recentemente, os noticiários revelaram o caso de estupro de uma menina de 10 anos que ficou grávida e teve o aborto legal dificultado por uma juíza em Santa Catarina. Áudios mostraram a juíza coagindo a criança a continuar com a gravidez. Além disso, para evitar que a menina usasse outros meios para interromper a gravidez, ela a afastou da mãe, forçando sua permanência em um abrigo.

Sabemos que o aborto é ilegal no Brasil, mas em casos de estupro a interrupção da gravidez é um direito por lei. Felizmente, após grande comoção e afastamento da juíza do caso, a menina teve o direito de fazer o procedimento.

Já no último dia 25 de junho, a atriz Klara Castanho precisou se defender de acusações feitas por jornalistas que afirmaram que ela havia ficado grávida e rejeitado a criança.

A grande sujeira da história está no fato da atriz ter sido vítima de estupro, e mesmo pedindo sigilo sobre o fato, ela foi exposta nas redes sociais. O pior é que alguns jornalistas contaram metade da história, outros influenciadores conservadores a julgaram com palavras pesadas.

Em carta aberta, Klara contou tudo o que aconteceu, e aqui descobrimos ainda mais absurdos. A atriz sofreu julgamento por parte de uma profissional da saúde do hospital onde a criança nasceu. Foi a enfermeira que vazou a notícia para os jornalistas. Após o caso virar notícia, o hospital demitiu a enfermeira por justa causa, que ainda corre o risco de perder o registro de atuação.

Ser vítima de estupro já é um trauma extremo para carregar a vida inteira. Agora ainda pode ter acrescentado a isso o tratamento invasivo de autoridades, profissionais da saúde e ainda sofrer uma exposição cruel nas redes sociais.

Conscientização e políticas públicas são o caminho para a violência

No meio de tudo isso, vemos casos de mulheres maltratadas e julgadas por outras mulheres. Mulheres essas, que muitas vezes, abraçaram a causa de um governo misógino, que não faz questão nenhuma de esconder isso, muito pelo contrário, só vem apagando os direitos das minorias. 

E por que falar de política aqui é necessário? Bem, em pleno 2022 o mundo lamentou a negação de um direto concebido em 1973, e que agora está sendo negado por políticos conservadores. Isso mudará para sempre a história de muitas mulheres. Uma violência que impede o direito da mulher sobre o seu corpo. Uma violência que mostra quanto o mundo ainda vive em uma sociedade patriarcal.

Acreditamos que a conscientização é o melhor caminho para construir meninas que se tornarão mulheres bem informadas e conquistadoras de seus direitos, seja através de um voto ou de um posicionamento em seu grupo social.

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