Há um grande mistério na vida, e ao compreendermos que nossa existência, ainda que pautada no Chronus, está ancorada no Kairós, devolvemos o poder do existir com intencionalidade a nós mesmos. E como artesãos de si próprios, podemos pintar a tela com as cores que escolhemos apesar de. Apesar do que causou dor, angústia, das faltas e de tantas coisas mais pertinentes a existência humana. Desta forma, parafraseando Herman Hesse em O Lobo da Estepe, há quase um século atrás:
“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”
Assim sendo, o solo sagrado do seu existir nunca foi afetado pelo deserto do que carece ao humano. Com sua habilidade e missão de alma, Gisele transpôs as dificuldades e construiu uma redoma condizente com o seu Devir no mundo. Gi consentiu a si própria o que desejava ser, reconhecendo e validando suas necessidades e transformando o ecossistema de quem tem o prazer de lhe conhecer. E, a partir do momento que a vejo, eu me reconheço e sou afetada por sua existência. E “nada te posso dar que já não exista em você mesmo…”.
Deborah W. Uchôa R. Leite, Psicóloga clínica e organizacional, Especialista em pessoas.