Dom Luís Fernandes foi sempre preocupado com a promoção de um laicato maduro e dotado de protagonismo pastoral e social. Qualquer leigo ou leiga (isto é, não clérigo) que tenha trabalhado com ele sabe com quanto respeito os tratava e com quanto empenho se consagrava à sua afi rmação eclesial e política. Reconheceu e promoveu os carismas e talentos que o espírito havia depositado nos leigos e nas leigas, buscando dar-lhes as condições mais propícias para se desenvolverem em proveito do povo, especialmente dos excluídos. Ele gestou as CEBs com Dom Helder, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Pedro Casaldáliga, acreditou nos leigos, realizou os primeiros intereclesiais na Igreja de Vitória e incentivou a continuidade deles. Também despertou consciências para a justiça, para a solidariedade e para a redução das desigualdades sociais, além de dar realce à figura da mulher, quer na Igreja, quer na sociedade. Tem um comportamento pedagógico, sempre em busca de aprender, mas dando lições de fé e de vida que somente grandes mestres conseguem oferecer. Relembrando o que nosso Dom dizia sobre as pequenas comunidades dos pobres, como ele gostava de chamálas: “É um banho redentor para a Igreja, no mar das massas populares, como também é o meio de o povo se apossar da Igreja”. Dom Luís Fernandes acreditava que a Igreja sempre pode retomar o sonho de Jesus e dar uma forma adequada aos diferentes tempos. Não era um bispo-autoridade eclesiástica, mas um bispo-pastor no meio do povo de Deus.
Assim era Luís
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“Como bispo que era, Dom Luís Fernandes foi, antes de tudo, um pastor que cultivava profunda comunhão com Deus. Mantinha uma visão de Igreja que superava de longe a de uma organização social. A Igreja, para ele, era o povo de Deus, que para isso mesmo devia ser fermento, sal e luz no mundo. Intelectualmente exigente, buscou dotar seu trabalho de uma ampla visão teológica. Era homem de leitura assídua e possuidor de signifi cativa capacidade de reflexão e elaboração pessoal. Pastor intrépido, não hesitou em levantar a voz contra as opressões e injustiças infligidas aos pobres, mostrando-se solidário com seus reclamos e suas lutas legítimas. Sempre se fez fi sicamente presente nos lugares de confl ito, para levar uma mensagem de solidariedade, coragem e paz.” (Frei Clodovis Boff)