Terra fértil: histórias que brotam do Aterro

Há livros que nos oferecem mapas. Este, porém, nos convida à escuta. Terra Fértil não percorre a cidade pelas rotas previsíveis — atravessa-a com olhos sensíveis e passos atentos ao que pulsa nas margens, nas pausas, nos silêncios. Os textos reunidos nesta obra transitam entre o conto, a crônica e a fabulação, sem se prender a classificações. São relatos que nascem da escuta do cotidiano, lançando sementes em solo urbano. A cidade não aparece apenas como cenário: ela é presença viva, personagem e provocação. Cada narrativa busca revelar gestos invisíveis, memórias soterradas e afetos que resistem. O Aterro do Flamengo — com sua paisagem aberta, onde natureza e concreto se entrelaçam — surge como ponto de partida. Mas o livro se expande para outras esquinas, outros territórios da cidade do Rio de Janeiro, compondo um mosaico de experiências singulares. O que une essas histórias é o desejo de compreender e traduzir a complexidade da vida urbana, os vínculos humanos e aquilo que, por vezes, escapa ao olhar apressado. Mais do que percorrer espaços físicos, esta obra propõe um deslocamento interno: uma travessia poética e politicamente implicada com os mundos que habitamos — ou que nos habitam. Terra Fértil é um convite à leitura como gesto de abertura: ao outro, à cidade, a si. Um livro para quem deseja escutar os murmúrios da rua e descobrir, entre árvores e afetos, histórias que florescem onde menos se espera.