Em “A Poesia Estrada” andei por caminhos que me levaram a um panteão de trovadores. Sim, isso mesmo. E a trilha de cada poeta me levou, inevitavelmente, ao ápice, ao cume da montanha, chamada de lirismo. É nesse lugar que mora cada verso, cada poema vislumbrado nas estradas por que passei. O “fazer” da poesia ressalta aos nossos olhos quando caminhamos pelas sinuosidades das veredas que esta coletânea nos proporciona. O poeta e o seu ofício, eis o intrínseco da caminhada. E, nela, encontramos Euterpe. A musa lírica se manifesta na pluralidade poética: nas experiências da poesia imagética, no canto de amor pela terra, nos lamentos que nos remetem às mazelas sociais, na dor existencialista, nas ilusões e desilusões religiosas… amorosas… A noite, o tempo, a solidão, o sexo, a prole, o mito, o ser e o não ser, a esperança, a modernidade, o urbano e o bucólico, o amor, a guerra, a dor… ah!… São muitos os caminhos… São lonjuras de se andar. E andei por ruas, bairros, vilas, matas e florestas, rios, almas, amores… Por onde andei, a trilha estava cheia de elementos de magia, enjambements, rimas, sílabas métricas, formas livres, formas fixas… E, num repente, deu-se o mágico encontro da palavra com sua força semântica num apogeu de alumbramento. Deu-se, então, em mim, a poesia.
Arnaldo Cabeleira.