Ivo carrega a brisa no peito. Uma brisa constante, contagiante, quase um brinquedo de estimação. Uma salvação.
Nela revoam palavras solares. Palavras que sacodem a poeira e alumiam. Inflamam e enternecem na mesma medida. Precisão de alquimista.
Algumas comicham o espírito e a cuca. Ativam a indispensável vertigem da arte. Ardem igual os tira-gostos que Ivo prepara com a habilidade dos craques e a paciência dos monges.
Inquietude juvenil, olhar maduro, Ivo borda palavras que envergam resiliência. Não abrem concessões ao imediatismo, à superficialidade, à resignação.
Palavras incontidas, incandescentes. Erupções da alma inconformada com os horrores do mundo — nem por isso, menos confiante, altiva, amorosa. Alma de quem escreve como “uma possibilidade de não enlouquecer”. Alma de poeta. Encara escaninhos existenciais com a fibra e a perseverança entoadas no hino do seu querido América.
Ivo revolve fervorosamente o envelhecimento, a morte, a saudade, a desigualdade, a paternidade, a natureza agonizante, os desgovernos, a caminhada conjugal. Reverbera as vozes do coração, da memória, da casa, da rua. Vozes do tempo.
Belezas como a pelada no campinho de terra, a viagem em família, a fé irredutível na educação, como as conversas escavadas com os filhos sobre os humores da vida, suas curvas, seus paraísos e infernos, seus mares. Belezas como os saberes e a sensibilidade que agigantam o garoto pobre do morro.
Os versos de Ivo são uma vela acesa. Clareiam sombras e iluminam delicadezas com a força de uma prece. Só os poetas nos enfeitiçam assim. Boa leitura!
Alexandre Carauta.