O vento, o terço e o punhal: memórias e confissões de uma pessoa não-binária

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O professor universitário Paulo Henrique Limoeiro Júnior repassa mais de um século de história familiar centrada em sua vida pessoal e na curta vida de seu irmão músico, ceifada aos 27 anos pelo HIV. A narrativa intimista e confessional traz a perspectiva pessoal e reflexões de uma pessoa na casa dos sessenta sobre eventos marcantes de um passado que só existe nos registros de sua própria memória. Paulo Henrique relembra as passagens de sua trajetória de vida que foi marcada pelo desajuste do não-pertencimento, por uniões afetivas com mulheres e homens e pela dificuldade em compreender sua própria identidade e sexualidade (o vento). Só na senioridade o narrador descobre o conforto de se encontrar nas palavras que melhor o definem: uma pessoa não-binária e demissexual. As histórias de vida contadas ilustram bem o preço amargo cobrado pelas tentativas de se ajustar à força aos papéis sexuais e de gênero impostos pela cultura (o terço) assim como os riscos das rupturas destemperadas (o punhal), sem apoio na realidade e numa rede de afetos verdadeiros. A pressão cultural homofóbica é abordada pela perspectiva dos lugares, perverso, transgressor e clinicamente mórbido, historicamente destinados às pessoas cuja sexualidade não se conforma ao normativo. Uma pergunta é deixada no ar: até que ponto a própria fobia e seus lugares de exílio não criam e fomentam o que aparece de perverso, transgressor e mórbido em algumas dessas pessoas? A narrativa é recheada de reflexões e diálogos sobre os contornos éticos e estéticos do sexual, sobre os lugares da perversão e perversidade, sobre o que move o fetichismo e as parafilias, sobre os papéis da religião e espiritualidade na vida sexual, sobre os recursos da psicanálise e psicoterapia, sobre as fantasias românticas e sexuais, sobre Eros e apaixonamento e sobre o amor idealizado e real.