“As fábulas são verdadeiras!”, diz Ítalo Calvino. E o são na medida em que sejam tomadas em seu conjunto, em sua sempre repetida e variada casuística de vivências humanas buscando uma explicação geral da vida, nascidas em tempos remotos e alimentadas pela lenta ruminação da consciência popular. Uma espécie de catálogo do destino que pode caber a um homem e a uma mulher, sob o comando do imponderável, do destino. “Quando me dei conta, havia como que me tornado “herdeiro” de trinta e duas das mais representativas, dentre fábulas narradas por Basile. E senti-me como que possuído pela natureza tentacular das fábulas, descobrindo um fundo popular de enorme riqueza, limpidez, variedade e cumplicidade entre o real e o imaginário, que fui tocado pelo desejo de comunicar aos outros as visões insuspeitas que se abriam ao meu olhar.” (C.R.Jr.)
O conto dos contos: na origem das lendas populares
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Tais como os mitos, as lendas populares são histórias que têm raízes longínquas. Elas foram transmitidas século após século; aqueles que as decoraram e seus compiladores contribuíram, significativamente, para resgatar uma parcela do imaginário humano. E chegaram até nós enriquecidas por elementos fantasiosos, envolvendo quase sempre situações e seres sobrenaturais. No século XVII, Giambattista Basile usou o dialeto napolitano para remanejar conteúdos originários de mitos, de jargões, de poemas cômicos, de histórias antigas e de momentos de seu povo para organizar uma coletânea de histórias, inseridas nos experimentos de intelectuais interessados em resgatar as tradições culturais de seus povos, e o realiza numa linguagem capaz de revelar os grandes tesouros da sabedoria popular. “Lo cunto de li cunti, ovvero lo trattenemiento de peccerille” foi a primeira grande coleção europeia de contos maravilhosos. O Conto dos Contos nasceu com a intenção precisa de tornar acessível aos leitores de hoje o mundo fantástico contido em textos barroco-renascentistas. Por sorte nossa, a fábula goza de grande traduzibilida de, que é privilégio e limite da narrativa. “Decidi tornar-me um elo da cadeia sem fim pela qual as fábulas se perpetuam. Como toda fábula popular vale pela urdidura e por aquilo que nela se tece, por aquele tanto de novo que a ela sempre é agregado ao passar de boca em boca, de caneta a caneta.” (C. R. Jr.)