A história de vida de Lucélia se mescla com a história política deste e do século passado. A atriz esteve no front de diversos movimentos e batalhas políticas nos últimos 40 anos, desde as movimentações em defesa da Anistia aos presos políticos, as Diretas Já, o processo de surgimento da figura Luiz Inácio Lula da Silva, a fundação do Partido dos Trabalhadores e do Partido Verde, este último do qual teve protagonismo central em sua construção no período de redemocratização. Apesar de ter se projetado nacional e internacionalmente representando uma escrava na televisão, a Lucélia da vida real era uma mulher livre, e utilizou de sua liberdade, imagem e voz para lutar por aqueles que estavam sufocados pela ditadura militar que assolou o Brasil.
Seu ativismo é retratado em sua relação de amizade e companheirismo com Chico Mendes, e em sua luta pela preservação do meio-ambiente, da fauna, em defesa dos povos da floresta, os direitos e representatividade social das mulheres, dos LGBTQIA+, a luta contra o racismo e o trabalho escravo, contra a fome, pelo acesso à educação, saúde e qualidade de vida para todas as brasileiras e brasileiros, além de lutas na década de 80 que ainda eram tabus na sociedade, como o surgimento do HIV no Brasil, direito das prostitutas e o aleitamento materno.
O livro também conta como foi fundamental a relação de Lucélia como agente de construção de acordos bilaterais com a China que, à época, acabara de sair da Revolução Cultural e abria-se para o mundo capitalista. Foi peça chave para as primeiras construções de acordos comerciais e culturais entre Brasil e China que estão vigentes até os dias atuais, sendo a China, hoje, uma das maiores parceiras do Brasil no que tange o comércio exterior.
A obra narra ainda sua relação com Cuba, Fidel Castro, Daniel Ortega e seu empenho para denunciar ao mundo o massacre que ocorria no Timor Leste. Xanana Gusmão, primeiro presidente eleito democraticamente no Timor, deu lápis e papel para que Lucélia ajudasse a reescrever a história daquele país, que teve sua primeira constituição enquanto República democrática proclamada em 20 de maio de 2002, no mesmo dia do aniversário da atriz.